"It was out of respect."



Aula Magna de roteiro: GoodFellas - Os Bons Companheiros, por Nicholas Pileggi and Martin Scorcese.





"There were guys, that's all they did all
day, was take care of Paulie's calls.



For a guy who moved all day long...



...Paulie didn't talk to people.
With union problems...



...or a beef in the numbers...



...only the top guys spoke
with Paulie about the problem.



Everything was one-on-one.
Paulie hated conferences.



He didn't want anyone
hearing what he said...



...or anyone listening to
what he was being told.



Hundreds of guys depended on him, and
he got a piece of everything they made.



It was a tribute, like in the old country,
except they were doing it in America.



All they got from Paulie was protection
from the guys trying to rip them off.



That's what it's all about. That's
what the FBI could never understand.



What Paulie and the organization does...



...is protect people who can't
go to the cops. That's it.



They're like the police
department for wiseguys.



People looked at me differently,
and they knew I was with somebody.



I didn't have to wait in line at the
bakery on Sunday morning for fresh bread.



The owner knew who I was with and no
matter how many people were waiting...



...I was taken care of first.



Our neighbors stopped parking in our
driveway, even though we had no car.



At ...



...I was making more money than most
of the grown-ups in the neighborhood.



I had it all.



One day...



One day, some neighborhood kids carried
my mother's groceries all the way home.



Know why?



It was out of respect."





.

Tudo dá certo




"Whatever Works", novo Woody Allen, estréia em Novembro no Brasil com duas expectativas previstas: a volta de Allen a Nova Yourk, depois de alguns anos filmando na Europa e a 1a parceria com o ator e roteirista Larry David, o cérebro por trás da sitcom Seinfeld.

Larry David notabilizou-se pelo gênio genioso, por enxergar o mundo com descrença e perplexidade. Adocicado para as massas em Seinfeld, onde não atuava, "só" escrevia e prestava sua personalidade aos 5 personagens. Jerry, Kramer, Elaine e Costanza são exatas quatro costelas extraídas de Larry David, constata-se ao assistir qualquer episódio de sua atual série "Curb Your Entusiasm", em que David escreve, atua, é a soma dos personagens de Seinfeld com o volume de cinismo e crueldade no talo.

Larry David e Woody Allen fazem parte de um grupo mínimo: o de gênios judeus que não acreditam em Deus, no Homem e acham que isso é libertador. Groucho Marx, filho de judeu, é o Buda dessa des-religião. É dele a frase usada por Allen para abrir o seu Annie Hall: ""Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio".

Em Whatever Works, Allen criou um personagem para Larry David, de um físico especializado na teoria das Supercordas. Ranzinza, lúcido, porém leve como o filme, onde Nova Yorque é exaltada por seus "cantinhos", não por suas paisagens e skielines, como em "Manhattan", o personagem de Larry David é o único que não acredita sequer na ilusão do cinema, ao dialogar e confrontar o tempo todo a platéia. No diálogo inicial, Woody Allen escreveu um monólogo entre Larry David e nós, a audiência, que já entra para a história do pensamento humano. É praticamente um mini poema épico dentro de um filme que é menos que um filme, e sim um roteiro que deveria se publicado para ser lido e relido, não filmado.

Aqui no Dodomundi, com exclusividade, o monólogo inicial de "Whatever Works", ou "Tudo Pode dar Certo"

"Por que querem saber a minha história?
Nos conhecemos?
Nos gostamos?
Deixa eu explicar, certo?
Não sou um cara simpático.
Carisma nunca foi prioridade para mim.
E, para que saibam, esse não é daqueles filmes sensação do ano.
Então, se você é um desses idiotas que precisa se sentir bem, vá fazer uma massagem nos pés.
O que significa tudo isso, afinal?
Nada. Zero. Nadinha.
Nada leva a nada e, ainda assim, há muito idiota tagarelando.
Não eu. Sou um cara de visão.
Porque estou discutindo com vocês, a audiência.
Mas seus amigos, colegas de trabalho, jornais, TVs.
Todos ficam felizes em falar, cheios de desinformações.
Moral, ciência, religião,
política, esportes, amor.
Seus portfólios, seus filhos, saúde. Meu Deus!
Se eu tivesse que comer nove porções diárias de frutas e vegetais para viver, não ia querer viver.
Odeio essa droga de frutas e vegetais.
E Omega 3, esteira, eletrocardiograma a mamografia, o ultrasom pélvico e, ai, meu Deus, a colonoscopia!
E, mesmo assim, ainda chega o dia
em que te colocam em um caixão
e virá a próxima geração de idiotas
que também te falará sobre a vida
e definirá o que é apropriado.

Meu pai se matou porque os jornais matinais o deixaram deprimido.
E você pode culpá-lo?
Com o horror, a corrupção a ignorância, a pobreza o genocÌdio, a AlDS, o aquecimento global, o terrorismo os valores familiares imbecis
e os imbecis armados!

"O horror", Kurtz falou sobre ele em "O Coração das Trevas".
"O horror".
Sorte que Kurtz não tinha o Times entregue na selva, aí ele veria algum horror.
Mas o que devem fazer?
Vocês lêem sobre o massacre em Darfur ou sobre um Ônibus escolar que explodiu, e dizem, "Meu Deus, o horror!"
E aí, vocês viram a página e terminam seus ovos mexidos com bacon.
Porque... o que se pode fazer?
É massacrante.

Eu já tentei me matar.
Obviamente, não deu certo.
Mas por que querem saber disso?
Deus, vocês, o público, têm seus próprios problemas.
Tenho certeza que estão obcecados com suas tristezas, esperanças e sonhos.
As previsÌveis vidas amorosas infelizes.
Seus empreendimentos fracassados.
"Ah, se eu tivesse comprado aquela ação!"
"Se eu tivesse comprado aquela casa anos atrás!"
"Se eu tivesse me aproximado daquela mulher."
Se isso, se aquilo.
Querem saber?
Me dêem um tempo com esses seus "poderia ter" e "deveria ter".
Como minha mãe dizia, "Se minha avó tivesse rodas, ela poderia ter sido um bonde."