Dodomundi #11 - Músicas (e livros) para gripes, resfriados e rinites (Parte II)

Não melhorou? Mais meia hora de música, mais cinco livros pra ti.




6. Breathe Me - Sia. A voz sussurada de Sia é vaporub espalhando no peito por nossa mãe. Dá até vontade de ficar gripado só pra ir pra debaixo da cama e ter gemada quente. "O bebedor de vinho de palmeira". do nigeriano Amos Tutuola, considerado o mais psicodélico romance de todos os tempos se apropria das milenares lendas iorubás, passadas na tradição oral através dos séculos. Com a maior naturalidade, você vira pássaro, conversa com mortos, visitas lugares que deixaria o Alice e Doroty maravilhadas. E esquece um pouco da dor nos olhos.

7. Só quero um Xodó - Gilberto Gil. Uma das vantagens em ficar gripado é poder fazer-se de vítma a vontade. "Que falta me faz um xodó/ Mas como eu não tenho ninguém/ Eu levo a vida assim tão só". Um baiãozinho gostosinho que só ele, a ajeitada no travesseiro para ler "As ligações perigosas", onde De Laclos nos dá uma boa e sombria dica sobre a origem do Amor. Livro onde a narrativa são cartas trocadas entre os personagens principais, onde a natureza brutal do amor é esmiuçada como nunca antes. Feminista que só ele. é para a doente, auto-estima. Para o doente o consolo de antes só do que mal acompanhado.

8. Silk Road - Yu Xiao Guang. Musica de acumpuntura, mas com um belíssimo violoncelo desse exepcional músico chinês. Para ler Fup, literatura destilada, livro curto, onde uma linha contém o que um bom livro só consegue dizer em páginas. Livro curto, lição de vida, morte e transcendência passado no microcosmo de uma fazenda do norte da Califórnia. O autor é o professor de filosofia Jim Dodge, que escreve coisas como "fui imortal enquanto vivi".

9. It never entered in my mind - Miles Davis Quintet - O Jazz, música curativa por excelência, está o tempo todo na primeira parte de O Jogo da Amarelinha, do argentino Julio Cortazar, que se passa em Paris, onde estudantes sem grana se reunem todas as noites para ouvir música e conversar sobre a vida. Descobrem o poder curativo e didático do jazz, por exemplo. São jovens inquietos nos anos 60 parisiense. Querem, como você aí, com 39 graus de febre, saber "porque eu?" e procuram essa resposta com conversas noturnas. Só o Jazz lhe dá respostas. E o trumpete cheio de fé na sua melhora de Miles Davis.

10 Noturno em Ré maior, Op. 27, No. 2 - Mieczyslaw Horszowski - A audição desse noturno de Chopin imediatamente transforma o ambiente onde você está. Começa elevando o pé direito do recinto e termina por lhe colocar no quarto principal de um castelo do século 18, aos cuidados de muitos servos e empregados que vão lhe salvar. Você adivinhou, estou falando de seus anti-corpos. "Atchim!" da escritora Sonia Hirsh, traz um texto tão miraculoso que nem seria preciso o livro ser especializado em gripes, alergias e resfriados. Lê-lo é até perigoso. A vontade que se tem é de imediatamente cair de cama.

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